quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Manifiesto del Cine Pobre


Considerado um dos principais nomes do cinema cubano, o roteirista e diretor de Lucía, Humberto Solás, faleceu em 17 de Setembro de 2008, aos 67 anos.

No entanto, em Abril deste ano o cineasta presidiu o 6 Festival Internacional del Cine Pobre, realizado em Havana, onde anunciou um manifesto em defesa das cinematografias Latino-Americanas e de sua diversidade cultural contra as formas hegemônicas da dominação globalizante.

É em homenagem ao escritor, diretor e pensador cubano, assim como ao cinema Latino-Americano, que segue abaixo o "Manifiesto del Cine Pobre":

Esclarecendo os mal-entendidos...

Cinema pobre não quer dizer cinema carente de idéias ou de qualidade artística, mas sim que se refere a um cinema de restrita economia que se executa tanto nos países em desenvolvimento ou periféricos, assim como também no seio das sociedades consolidadas a nível econômico-cultural, ou seja, dentro dos programas de produção Oficiais, seja através do cinema independente ou alternativo.

Manifiesto del Cine Pobre

1- O objetivo da globalização acentua o abismo entre o cinema pobre e o cinema rico. Ele comporta, definitivamente, o perigo da implantação de um modelo único de pensamento, sacrificando por sua vez, a diversidade e a legitimidade do resto das identidades nacionais e culturais;

2- Hoje em dia, é a revolução tecnológica no cinema, a portadora de eficazes meios de resistência a esse projeto despersonalizador, ao consolidar-se progressivamente novas possibilidade técnicas, como é o caso do vídeo digital e sua posterior ampliação a 35mm, reduzem notadamente os processos econômicos da produção cinematográfica;

3- Isso repercurte a uma gradual democratização da profissão, ao desequilibrar o caráter elitista que tem caracterizado esta arte vinculada inexoravelmente à industria;

4- Aproveitar e estimular esta redução de custos de produção, significará em um futuro imediato a inserção na cinematografia de grupos sociais e de comunidades que nunca antes haviam tido acesso ao exercício da produção do cinema, uma vez que dará subsistência às incipientes cinematografias nacionais;

5- Isso será o baluarte fundamental para escapar de um sentimento de indefesa diante de um vandalismo globalizador e permitirá legitimar, de uma vez por todas, a polivalência de estilos, legados e propósitos de uma arte que não será patrimônio de um só país nem de uma só e impositiva concepção de mundo;

6- Para que isto ocorra eficazmente, teremos que derrubar o muro do controle da distribuição cinematográfica por um só grupo de majors ou transnacionais, o que gera a alienação do público ao não terem acesso às obras de seus autores nacionais;

7- Isso nos permitirá lutar contra o espetáculo da violência gratuita cinematográfica, que degrada às audiências e especialmente aos espectadores mais jovens;

8- Uma gradual desalienação do público só será fecunda se os diferentes governos implantarem ações legais que apoiem a produção e a distribuição de suas obras cinematográficas autônomas;

9- Então o cinema haverá saído, definitivamente da era da barbárie.

Humberto Solás, traduzido de www.cubacine.cu/cinepobre/espanol/manifiesto.php

Nenhum comentário: